A União das Freguesias de Friúmes e Paradela foi constituída em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, pela agregação das antigas freguesias de Friúmes e Paradela (Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro (Reorganização administrativa do território das freguesias). Acedido a 2 de fevereiro de 2013.)
FRIÚMES
A freguesia de Friumes está situada entre o rio e a montanha, no extremo sul do concelho de Penacova, no limite com o concelho vizinho de Vila Nova de Poiares. Dentro de Penacova, é delimitada pela sede do concelho, por Oliveira do Mondego, por S. Pedro de Alva e por Paradela. Encontra-se na margem direita do rio Alva, afluente do rio Mondego.
É constituída pelos lugares de Carregal, Friúmes, Miro, Outeiro Longo, Vale do Conde, Vale do Meio, Vale do Tronco, Vale Maior e Zagalho.
A antiguidade do seu povoamento está bem expressa no facto de já ser referida em documentos escritos do século X. Frimianes ou Framianes era então a sua designação, que com a corruptela do tempo veio a derivar em Friúmes. Antes ainda, talvez os romanos já tivessem andado por aqui, embora o Igespar não registe qualquer sítio arqueológico para a área que hoje corresponde à freguesia de Friúmes. A verdade é que, perto do lugar de Miro, existe uma velha mina abandonada a que o povo chama a "Toca da Moura". A terra que daí se extraia era levada em zorras - espécie de carro sem rodas - até ao Alva, para ser lavada, à procura de pepitas. Mas não há qualquer prova, até ao momento, de que tenham sido os romanos a começar a explorar esta mina. A nível eclesiástico, Friúmes foi na Idade Média um curato da apresentação do prior de Penacova. O rendimento anual era de trinta mil réis. A Universidade de Coimbra possuía por aqui alguns casais, sujeitos à juradoria de Mucela e à matriz de Santa Maria de Arrifana.
Quanto à vertente administrativa, Friúmes esteve desde sempre ligada à freguesia de Penacova. Saiu para formar freguesia autónoma porque o desenvolvimento económico entretanto verificado justificou essa autonomia. Pertenceu ao concelho de Poiares até 24 de Outubro de 1855, transitando então para o de Penacova. No que diz respeito aos motivos de interesse numa visita a Friúmes, a primeira palavra deve ir para as encantadoras paisagens que rodeiam a freguesia. A este propósito, no «Guia de Portugal – Beira Litoral», Sant’Anna Dionísio escreveu, sobre Friúmes e sobre as suas redondezas, o excerto que se segue: «Depois da ondulada e extensa recta de Poiares, a Estrada da Beira dirige-se, por S. Miguel de Poiares, ao Alto de S. Pedro Dias, proporcionando nos seus sucessivos cotovelos muitas aprazíveis perspectivas sobre a ampla cavidade rural que vai ficando para trás, para os lados do poente. Atingido o cimo da encosta, por alturas do entroncamento da estrada que desce para Mucela, será difícil a qualquer viandante deixar de estacar uns instantes perante o panorama que, subitamente, se nos oferece sobre o vale profundo do Alva, tendo-se à esquerda a vista da vertente oriental do Buçaco, do lado direito as lombas de S. Pedro Dias e em frente, para lá dos pinhais de Casconha, a grandeza concentrada da serra da Estrela. Para serventia da povoação de Friúmes, deriva para a esquerda um ramal de estrada que nos conduziria à ponte José Luciano, sobre o Mondego, e daí a Penacova.
A Estrada da Beira descreve um verdadeiro arremedo de espiral, de geometria infantil, ao procurar a profunda e histórica Ponte da Mucela. Se se prosseguir, subindo pela outra margem do Alva, estaremos no átrio da Beira Alta». Ou este outro excerto, escrito por Nelson Correia Borges em «Coimbra e Região»: «Esta vertente norte da serra da Atalhada, que se aproxima do leito do Alva em vales, ravinas e outeiros, é terra da freguesia de Friúmes. Pequenos povoados pontilham aqui e além de branco ou terroso a mancha verde desta serra onde outrora laboraram 22 moinhos de vento que hoje não passam de torres arruinadas por entre o matagal. Carregal, Vale do Conde, Zagalho são miradouros singulares sobre a Casconha e as terras beirãs até à Estrela».
Ao nível dos monumentos, é digna de destaque a Igreja Paroquial de S. Mateus. Foi reedificada e benzida em 1779, no local de um outro templo anterior. Durou poucos anos, esse edifício oitocentista, pois foi incendiado, nos inícios do século XIX, durante as Invasões Francesas. O edifício actual é um templo simples mas interessante, com fachada caiada de branco e fachada principal a terminar em empena triangular. Um frontão, encimado por janela rectangular, sobrepuja o portal principal. Tem torre sineira adossada do lado direito da fachada. No interior, merece destaque o altar-mor em talha dourada e algumas peças de prata que fazem parte do seu espólio. A Capela da Senhora do Cabo, por seu lado, encontra-se no extremo da freguesia.
Conserva, no seu interior, uma imagem gótica do século XV que representa Nossa Senhora da Purificação. Para além do património, as paisagens naturais são muito belas e dignas de serem visitadas. Aninhada entre a montanha e o rio, como se disse antes, Friúmes mantém intactas todas as suas características naturais de grande beleza. Para receber os visitantes, Friúmes dispõe de um complexo de turismo de habitação, que surgiu a partir da recuperação de vinte e três moinhos em ruinas no cume da serra da Atalhada. Existe ainda um parque de lazer na margem do rio, Vale da Chã, construído entre amieiros e freixos e com as condições necessárias para quem quer usufruir de momentos de descanso e de são convívio com a natureza.
PARADELA DA CORTIÇA
A freguesia de Paradela de Cortiça está situada na parte sul do concelho de Penacova, na margem direita do rio Alva.
É constituída pelos lugares de Cortiça, Paradela, Quinta da Cortiça e Sobreira. O topónimo Paradela é da mesma família de Parada. Parada era um imposto medieval, que obrigava os moradores a acolher sem reservas determinados nobres ou membros da coroa - exerceu-se neste lugar com regularidade. Daí o facto de, por corruptela, se lhe ter dado o nome de Paradela.
No fundo, a parada era a refeição que todos os habitantes de uma aldeia eram obrigados a dar aos seus superiores. Em termos eclesiásticos, foi um curato da apresentação do vigário de Farinha Podre. A nível administrativo, também fez parte do concelho de Farinha Podre até à sua extinção, em 1853. Transitou para o município de Tábua em 1895, mas a 13 de Janeiro de 1898 fixou-se definitivamente no concelho de Penacova. No que diz respeito ao património edificado da freguesia, uma palavra para a Igreja Paroquial de S. Sebastião. O edifício actual foi reedificado a partir de 1745, sendo que as obras se prolongaram pelos dois séculos seguintes.